Adorava flores e pios de pássaros. Fotografava as
primeiras mas não tinha uma câmara de telemóvel, à altura de fixar os donos dos
pios de que mais gostava.
Viu em Benfica umas flores, cujo nome desconheço, na
sebe de um quintal de um jardim. Ficou encantada. Preparou a fotografia ao
pormenor, escolhendo o ângulo que melhor se coadunava com a luz naquele
momento. A meia dúzia de passos, um idoso observava a trabalheira que ali se
desenrolava.
A fotógrafa coloca o telemóvel a jeito e por entre as
plantas, dispara sucessivas vezes a câmara, captando o que a deliciava. O
marido aguarda que a esposa concretize a sua paixão.
Alguém que passava no passeio, resolveu repreender o
que achava que se estava a passar:
-Agora devia aparecer o dono…queria ver onde metia as
flores que está a levar…
E o velhote que observara a preparação das fotografias
por parte da fotógrafa, resmunga, mas de forma audível:
-Onde tu merecias que elas fossem postas… era na tua
fonte de metano…
Jorge C. Chora
2/5/2018
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