segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

COMILÕES LENDÁRIOS


                                                      

Há pessoas que comem muito, ou melhor, muitíssimo. Todos conhecemos alguém pertencente a esta classe. O pior são aqueles que ingerem alimentos em grandes quantidades mas pretendem desviar de si as atenções, atribuindo a outros o hábito que eles próprios cultivam  sem terem rivais. 

 Em tempos idos, tinha um amigo, pequeno e incrivelmente magro, que envergonhava qualquer gigante adorador de comezainas. Após deleitar-se com uma lauta feijoada, ficava calado no seu canto, sinal de que continuava esfomeado. Só se satisfazia com uma enorme dose de cozido, que os amigos tinham de encomendar porque ele se envergonhava de pedir. 

Este devorador existiu e ainda existe e não é lenda nenhuma. Já outros, deixam-nos dúvidas, embora haja quem assevere e jure a pés juntos, que viveram e até citam os nomes, como o  nascido no  arquipélago de Cabo Verde, um tal João José Jardim que após deglutir 99 carapaus e a empregada lhe sugerir que comesse o centésimo, disse: 

-Muito obrigado, mas não…sou pouco dado a peixe… 

Armindo Delgado, natural de S. Antão, refere que já o seu pai dizia que o dito J. J. J. antes dos casamentos para que era convidado, comia sempre doze peixes escalados assados… 

É caso para dizer que não fazia o senhor senão bem, pois caso contrário, ninguém mais o convidaria para um enlace matrimonial ou outro evento qualquer.

Jorge C. Chora
25/2/19

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