domingo, 5 de janeiro de 2020

A SENHORA D. ROSA


                                               

Entrou espavorida no café. Olhou aflita em seu redor, passando em revista todos os cantos.
O jovem empregado perguntou-lhe:

- Perdeu alguma coisa Srª D. Rosa?

-Sim perdi, Nelson. O meu cachecol, que muito estimo por ter sido dado pelo meu falecido marido…e o pior nem é isso, os óculos que tanta falta me fazem, também não sei deles…

-Está com sorte Srª D. Rosa. Acabou de encontrar as suas coisas…

-Como assim, querido Nelson? - questionou-o, afagando a mão do rapaz que conhecia desde pequeno.

-O cachecol, se levar a mão ao seu pescoço, encontra-o e os óculos… E não conseguiu acabar a frase. D. Rosa, em ânsias, interrompeu-o:

-E os óculos, querido?

-Está a usá-los Srª D. Rosa…

-Já ganhei o dia…

E de um canto do restaurante alguém disse:

-Depois dos sessenta todos estamos sujeitos…

E a D. Rosa, enchendo o peito, corrigiu-o:

-Ainda me faltam dez…

Nelson, conteve a custo uma gargalhada. Há mais de vinte anos que a D. Rosa fazia 50 anos!
Ao sair, a senhora esqueceu-se dos óculos que tinha tirado ao responder ao senhor do canto e ia murmurando:

- Disparate… tenho lá eu sessenta anos!

Jorge C. Chora
   5/1/20

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