O ENCONTRO
Entrou afogueada e com cara de poucos amigos. Sentou-se e
pediu:
-Uma imperial por favor.
Ainda o empregado não tomara nota do pedido quando ela o
alterou:
-Desculpe-me…. imperial pediria a Elisa. Se não se importa,
traga-me um Martini.
Após ter dado dois passos para atender o pedido, a senhora
chamou-o de novo:
-Perdão, a Elisa também pediria um Martini…traga-me antes um
chá gelado…
Filipe olhou-a com mais atenção. A freguesa, embora não
fizesse recordar nenhuma artista ou modelo conhecido, era bonita. Rondaria,
pelos seus cálculos, os quarenta anos. Uma coisa sabia: ela detestava a dita
Elisa.
Filipe achou-lhe
graça, sorriu-lhe e comentou:
-Um dia daqueles…
Dignou-se a freguesa olhá-lo e, num instante, a tirar-lhe um
raio X. Filipe sentiu que ela simpatizava consigo.
Nesse momento entrou um motorista fardado que se lhe
dirigiu:
- Doutora Elisa, a reunião é daqui a pouco…
A senhora levantou-se, passou pelo Filipe e perguntou-lhe,
se daí a duas horas ainda estava no estabelecimento.
Filipe sorriu de modo afável e perguntou:
-E quem quer saber? A senhora doutora Elisa ou a inimiga da
doutora?
-Ambas, meu amigo…e a propósito, o que faz aqui a servir às
mesas?
A radiografia tinha sido completa. Filipe não era, nem nuca
fora empregado de mesa…
Jorge C. Chora
9/8/2020
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