Todos a
conheciam. Era presença assídua das melhores festas e uma das mais simpáticas e
despretensiosa mulheres da alta roda.
Chamavam-na
de Estrela, embora em rigor, ninguém soubesse de facto o que fazia e se esse
era o seu nome verdadeiro. Pelo porte descontraído e pela facilidade com que
falava achavam-na uma artista, uma declamadora, uma poetisa, quiçá, uma pintora
que usava um pseudónimo. Como só era vista ao cair da noite, alguém, não se
sabia quem, chamou-a de Estrela, e Estrela ficou.
Não constava
que possuísse fortuna, embora vivesse de um modo desafogado e tivesse um leque
enorme de amizades importantes. Herdara meia dúzia de apartamentos e era com as
rendas que conseguia manter-se, com muita ginástica e maior pose.
Albano, naquela noite, não tirava os olhos de
Estrela. Já a vira noutras ocasiões, mas nunca se proporcionara uma
oportunidade de se aproximar, pois, estava sempre rodeada de pessoas por quem
ele não nutria particular simpatia. Em abono da verdade, a antipatia era
recíproca. A todos recusara empréstimos, por parte do banco de que era um dos
mais altos dirigentes.
Decidiu que desse
dia não passava. Estrela notou-lhe o interesse. Afastou-se do grupo onde estava
e foi buscar uma bebida. Passou-lhe mesmo em frente. Albano sorriu-lhe
abertamente e dirigiu-lhe a palavra:
-Tenho-a
visto por diversas vezes nos sítios onde vamos, mas nunca tive a oportunidade
de nos apresentarmos…
-É verdade o
que diz… nunca se proporcionou, mas vamos já resolver o assunto… -e
estendeu-lhe a mão- que ele levou aos lábios e em vez de fazer menção de a
beijar, beijou-a mesmo.
-Adoro o seu
perfume…condiz consigo, é misterioso…
Estrela
sorriu, tinha-o onde queria: a seus pés. Aproximou o pescoço dizendo-lhe:
-Também
adoro este perfume. Aqui ainda se sente melhor. Aproximou ligeiramente o
pescoço do nariz de Albano, enlaçando-o pela cintura, enquanto o conduzia para um
recanto, perto das bebidas, mas oculto da sala onde estavam os convivas.
Albano sentiu
a cabeça puxada suavemente para os seios de Estrela que lhe confidenciou ao
ouvido:
-Um pouco mais
abaixo o aroma é mais intenso- e baixava-lhe a cabeça, primeiro até ao umbigo e
depois, baixando ligeiramente as calças de seda, fê-lo sentir a humidade que já
a tomava.
Albano
tremia de excitação. Estrela passou-lhe, de modo delicado, a mão sobre o alto bem
visível que se formara nas suas calças, enquanto lhe dizia:
-São horas
de me retirar, não tenho carro. Espatifei o meu e agora não tenho transporte…
-Levo-a a
casa- ofereceu-se Albano.
-Agradeço,
mas assim todos ficam a saber o que vamos fazer…
-Diga-me a
sua morada e amanhã terá um carro à sua porta.
Como quem
não quer a coisa, disse-lhe ao ouvido a morada, enquanto lhe ia colocando a
língua no pavilhão auricular.
No dia
seguinte, tinha à sua porta, um jaguar preto com uma motorista.
- Minha
senhora, uma oferta da parte da parte do senhor doutor Albano.
Não precisa
de se preocupar com o meu ordenado que o senhor doutor é que me paga.
Estrela
olhou a motorista com atenção.
-Leontina?
-Sim, minha
senhora.
- Sou eu!
-Caíram nos
braços uma da outra. Tinham sido colegas e namoradas.
- Continuas
a não usar roupa íntima Estela? -perguntou Filipa.
- Chama-me
Estrela, que é como todo o mundo me conhece! E levantou a saia que trazia e
mostrou nada vestir. Estrearam o banco traseiro da viatura, recuperando os anos
perdidos.
O mundo
estava com elas. O doutor era recebido aos fins de semana e os restantes dias, pertenciam
a Leontina.
Agora todo o
mundo sabia que Estrela era a digníssima mais-que-tudo, do Senhor Albano, o
poderoso e riquíssimo dirigente bancário.
Quanto a
Leontina, Albano pagava-lhe um excelente bónus extra, para manter a sua Estrela
sempre no sétimo céu e sem tempo para ter outros cavalheiros a não se ele
próprio.
Jorge C. Chora
3/05/2022
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