António Carrocho,
alentejano morador na Brandoa, enquanto petiscava apressadamente, num café da
Mina, contou-me que quando alguém lá para as bandas de S. Domingos, Alentejo,
não se encontrava de boa saúde, era costume
dizer-se: não tarda vai para o pintassilgo.
O
pintassilgo é como é designado o cemitério local, porque parece que o primeiro
a ser lá enterrado foi um pintassilgo, não me tendo explicado, por falta de
tempo, se era um pássaro ou alguém com esse nome, que fora lá primeiramente sepultado.
Acredito que foi um pássaro, tão poética foi a designação dada à última morada.
Nem todos
naquele local são ou eram sepultados no pintassilgo. Os ingleses que eram donos
ou que lá trabalhavam nas minas, tinham o privilégio de não ir lá parar: iam
para o cemitério próprio dos ingleses onde a terra nem sequer era portuguesa.
Escavaram a
terra, e encheram-no de terra mandada vir terra de Inglaterra. Era nesse local
que sepultavam os ingleses que por ali faleciam.
Era um privilégio
e uma espécie de consolo, ser enterrado em solo da mãe pátria. Não sei se por
lá deram sepultura, por exemplo. aos escoceses ou a outro tipo de nascidos na Grã-Bretanha,
pois será, em vez de um consolo, uma punição ad eterno, ter em cima, o peso de
uma terra inglesa, mesmo depois de morto, em vez da do reino onde pertenciam!
O certo é
que eles não se queixam.
Jorge C.
Chora
26/3/23
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