Viu-a e não
hesitou. Comprou-a logo, bem cara e em porcelana, a imagem de Nossa Senhora.
Chegou a
casa e colocou-a num armário, de portas de madeira, não fosse a curiosidade, e a
vontade de mexer nela, dar cabo da sua Santa.
Não a via,
mas sabia que lá estava e pedia-lhe todos os dias proteção e um bom dia, virado
para o local onde a tinha guardada.
Ora, a
partir dessa data algo extraordinário lhe acontecia, todos os dias, sem falta:
recebia de conhecidas e também de desconhecidas, declarações de amor!
Andava
intrigado. Logo ele, que nunca fora de namoriscar, amava a mulher e tinha-lhe
uma devoção a toda a prova.
Um dia abriu
o armário para ver a sua adorada imagem. Assustou -se.
Em vez da
sua imagem, existia outra, assaz esquisita.
- Ó José,
anda cá depressa e diz-me o que isto é! – gritou, chamando o filho de 20 anos.
-É a deusa
hindu Parvati! deusa do amor e da fertilidade…
O pai não
quis ouvir mais nada:
-Onde está a
Nossa Senhora?
- No armário
das porcelanas, na outra sala.
-Tira-me
isso daqui imediatamente! – e agora percebia, finalmente, o que lhe tinha vindo
a acontecer.
Jorge C.
Chora
5/5/2023
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