quarta-feira, 7 de junho de 2023

A GIBOIA E O CABRITINHO

 


Nasceu fraco o cabritinho. Só por milagre e pelos cuidados da mãe conseguiu sobreviver. A mãe cabra, devido aos esforços feitos e à idade que já tinha, acabou por falecer.

Só e forcejando por se colocar em pé, o cabritinho viu aproximar-se uma jiboia que ofereceu os seus préstimos:

-Meu pequenino, estás cheio de frio, precisas de te aquecer. Queres que te abrace e te aqueça?

Agradecido pelo súbito socorro, o recém-nascido disse que sim, abanando a cabeça.

A jiboia aproximou-se devagar, encostando-se de modo suave, quase carinhoso, ao cabritinho, preparando o abraço oferecido.

E quando se preparava já para o abraçar, surgiu espavorido um enorme e carrancudo bode, que viera em busca da sua cabra preferida, a qual tinha dado à luz naquele pasto.

Os berros do bode, furioso ao presenciar a cena, atroaram os ares e ele atacou, pisando inúmeras vezes a jiboia, e corneou a cabeça dela com tal violência, que a separou do corpo já mutilado.

-Ela era minha amiga, ofereceu-se para me aquecer! -balbuciou – o cabritinho.

O bode, ainda ofegante, conteve a sua fúria para não assustar o cabritino e respondeu-lhe:

-Se ela te tivesse abraçado, já estavas morto. Ela ia comer-te! Não te esqueças do que vou dizer-te. Falsas ajudas como esta, vais recebê-las toda a tua vida. Podem não querer comer-te de imediato, mas vais pagá-las caro e em dobro do bem que achas ter merecido!

E o cabritinho, franzindo a testa, a custo agradeceu ao bode, ter matado a sua amiga cobra.

Jorge C. Chora

7/6/2023

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