Nasceu fraco
o cabritinho. Só por milagre e pelos cuidados da mãe conseguiu sobreviver. A
mãe cabra, devido aos esforços feitos e à idade que já tinha, acabou por
falecer.
Só e
forcejando por se colocar em pé, o cabritinho viu aproximar-se uma jiboia que
ofereceu os seus préstimos:
-Meu
pequenino, estás cheio de frio, precisas de te aquecer. Queres que te abrace e
te aqueça?
Agradecido
pelo súbito socorro, o recém-nascido disse que sim, abanando a cabeça.
A jiboia
aproximou-se devagar, encostando-se de modo suave, quase carinhoso, ao
cabritinho, preparando o abraço oferecido.
E quando se
preparava já para o abraçar, surgiu espavorido um enorme e carrancudo bode, que
viera em busca da sua cabra preferida, a qual tinha dado à luz naquele pasto.
Os berros do
bode, furioso ao presenciar a cena, atroaram os ares e ele atacou, pisando
inúmeras vezes a jiboia, e corneou a cabeça dela com tal violência, que a
separou do corpo já mutilado.
-Ela era
minha amiga, ofereceu-se para me aquecer! -balbuciou – o cabritinho.
O bode,
ainda ofegante, conteve a sua fúria para não assustar o cabritino e
respondeu-lhe:
-Se ela te
tivesse abraçado, já estavas morto. Ela ia comer-te! Não te esqueças do que vou
dizer-te. Falsas ajudas como esta, vais recebê-las toda a tua vida. Podem não
querer comer-te de imediato, mas vais pagá-las caro e em dobro do bem que achas
ter merecido!
E o
cabritinho, franzindo a testa, a custo agradeceu ao bode, ter matado a sua
amiga cobra.
Jorge C.
Chora
7/6/2023
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