Amélia pavoneava-se no meio das colegas, dando-lhes a cheirar o pulso e o pescoço enquanto comentava:
-Acho este perfume que hoje estou a usar delicioso. Talvez um tudo-nada forte de mais…
As colegas não se faziam rogadas e cheiravam-na, dilatando as narinas e aspirando profundamente as fragrâncias. Algumas referiam as notas florais e outras identificavam as madeiras específicas que ajudavam a formar o conjunto e a dar-lhe a individualidade.
Amélia sorvia a admiração das colegas, regozijava-se com a atenção que elas lhe davam. Elas eram unânimes em reconhecê-la como louca por perfumes e a única que fazia gala em usar todos os dias um diferente.
Estavam ainda de narizes no ar quando entrou na loja uma senhora ainda jovem que exclama ao ver Amélia:
-Olá! Hoje não consegui perfumar-me lá no supermercado. Cheguei tarde. Qual foi o perfume que disponibilizaram? Foi bom ou nem por isso?
No dia seguinte, quando Amélia passou pelo supermercado antes de ir para o trabalho, encontrou todas as colegas na fila da perfumaria, para experimentarem as amostras das demonstradoras.
A loja onde trabalhavam ficou conhecida como o jardim dos aromas.
Jorge C.Chora
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
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