quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A história de Tosse-Coff

Atiraram-no por cima do muro e caiu em cima da cadela Bá que alimentava cinco recém-nascidos. A cadela rosnou furiosa com a intromissão. No início não se apercebeu do que a tinha atingido. Ao ver um gato, o seu primeiro impulso foi o de o afastar das suas crias.

Quando o ia abocanhar notou que o gato era minúsculo e estava assustado. Não tinha ainda os olhos abertos. Ao sentir a aproximação do focinho, parecia um balão a deixar sair o ar: Pfff…pfff

Bá puxou o pequeno gato que tremia, aconchegou-o e colocou-o junto aos seus filhos, alimentando-o.

O tempo foi passando e o gato aprendeu a ladrar, ainda que de um modo bem estranho:

-Coff…coff…coff

Por muito que a mãe Bá se opusesse, a ninhada de cachorros chamava-o de Tosse-Coff.
Tosse-Coff não achava piada ao gozo dos irmãos de leite, muito menos quando lhe diziam que era parecido com um gato. Achava os ditos de um profundo mau gosto.

Um belo dia, a dona de Bá reparou na presença do gato e encheu-se de fúria ao ver que os cães não só não o perseguiam como ainda conviviam felizes com ele.
Expulsou-os todos de casa:

-Querem lá ver isto! Era o que me faltava! Fora…fora- e dava pontapés na Bá que ia protegendo como podia os filhos e o Tosse-Coff.

Do outro lado da rua estava D. Isabel que observava, espantada, o desenrolar da cena. Viu Tosse –Coff tomar a dianteira, colocar-se à frente de Bá e fazer frente às ameaças e agressões:

-Coff…coff… - e saltava, recuando logo de seguida, para logo saltar ao ataque, dando tempo a que Bá se afastasse em segurança.

Ao ouvir os gritos e acusações da agressora, logo percebeu o que se passava. Atravessou a rua e tentou acalmar a megera, sem qualquer sucesso:

-Leve-os para sua casa! Rua…rua…

D. Isabel sorriu, afastou-se um bocado, bateu na sua perna e disse:

-Anda Tosse-Coff, traz a tua família e vem para minha casa. São muito bem-vindos.

Jorge C. Chora

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