quinta-feira, 18 de abril de 2013

Vaidades galináceas


A galinha olhava com desdém a sua vizinha codorniz. Cacarejando de modo depreciativo, não tirava os olhos dos pequenos ovos que a codorniz tinha acabado de pôr. As suas penas tremiam, tamanha era a risota convulsiva e exagerada:

-Hi…hi… que ovos raquíticos…só com uma lupa se conseguem ver…

A codorniz encolhia-se toda e desculpava-se:

-Para o nosso tamanho são até bastante grandes….e somos muito esforçadas, pois cada ovo que a senhora põe, nós temos de ter cinco para igualar o tamanho do seu…

-Têm toda a razão, os meus são cinco vezes maiores do que os seus. Faz-se uma omeleta com um só…repare que além de grandes, são nutritivos, apetitosos e desejados por todos…

-É uma questão de gosto… -replicava a codorniz, olhando com doçura os seus pequenos ovos pintalgados.

O dono dos galináceos, interrompeu o diálogo:

- Ambas têm razão naquilo que dizem, isto claro, em relação aos tamanhos. Perdem-na, quando a D. Galinha se satisfaz em pôr só um ovo dia sim, dia não e a D. Codorniz, podia esforçar-se um pouco mais se os tivesse um pouco maiores… -E enquanto isto dizia, esfregava as mãos pensando quanto lucraria se isto se concretizasse.

A galinha caiu em si. Como poderia ela pôr mais ovos, sem dar cabo da sua saúde e da qualidade dos seus ovos? E a sua vizinha codorniz? Como poderia tê-los ainda maiores, tendo em conta o seu tamanho?

A codorniz e a galinha entreolharam-se e, em uníssono, propuseram:

-Ponha o senhor os ovos que nós organizamos a venda!

Jorge C. Chora

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