O cabeço era improdutivo como sempre fora, segundo se recordavam
os habitantes do povoado mais próximo. Alguém disse, ninguém sabe quem, que ali
cresceria algo absolutamente necessário para a subsistência da região.
Organizaram-se grupos para testemunharem o fenómeno. Ao fim
de uns meses, a concentração populacional foi de tal ordem, que ali cresceu uma
verdadeiro cogumelo populacional. A
terra foi vendida a peso de ouro, assim como as casas, mal acabadas, mas
depressa despachadas.
O grupo de vigilância do cabeço, engrossava semana a semana.
Um belo dia, ouviram-se logo pela manhã grandes gritos de alegria. O cabeço
estava coberto de pequenos montinhos, semelhantes a tufos. Dezenas de pessoas
correram para o local.
-O que é isto?
Analisados os montinhos, a desilusão apoderou-se dos
presentes: era cócó de cabra…
No fundo, no vale, um pastor apascentava a sua cabrada. Foi
ainda nesse dia que circulou a notícia, de que no cabeço do outro lado do vale,
iria surgir o que afinal não aparecera ali.
O chiar das rodas de uma carroça fez-se ouvir. Um homem
idoso, desceu, recolheu e carregou todo o esterco que coube no seu transporte.
Uma hora depois, circulando pelas ruas do povoado,
anunciava:
-Estrume para as hortas caseiras…
Uma hora depois, a terceira fila de compradores que se tinha
formado, ficou de mãos a abanar: O estrume tinha-se esgotado.
- Amanhã há mais… - anunciou o vendedor, de olho no rebanho.
Jorge C. Chora
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