segunda-feira, 13 de maio de 2013

O cabeço


O cabeço era improdutivo como sempre fora, segundo se recordavam os habitantes do povoado mais próximo. Alguém disse, ninguém sabe quem, que ali cresceria algo absolutamente necessário para a subsistência da região.

Organizaram-se grupos para testemunharem o fenómeno. Ao fim de uns meses, a concentração populacional foi de tal ordem, que ali cresceu uma verdadeiro cogumelo populacional.  A terra foi vendida a peso de ouro, assim como as casas, mal acabadas, mas depressa despachadas.

O grupo de vigilância do cabeço, engrossava semana a semana. Um belo dia, ouviram-se logo pela manhã grandes gritos de alegria. O cabeço estava coberto de pequenos montinhos, semelhantes a tufos. Dezenas de pessoas correram para o local.

-O que é isto?

Analisados os montinhos, a desilusão apoderou-se dos presentes: era cócó de cabra…

No fundo, no vale, um pastor apascentava a sua cabrada. Foi ainda nesse dia que circulou a notícia, de que no cabeço do outro lado do vale, iria surgir o que afinal não aparecera ali.
O chiar das rodas de uma carroça fez-se ouvir. Um homem idoso, desceu, recolheu e carregou todo o esterco que coube no seu transporte.
Uma hora depois, circulando pelas ruas do povoado, anunciava:

-Estrume para as hortas caseiras…

Uma hora depois, a terceira fila de compradores que se tinha formado, ficou de mãos a abanar: O estrume tinha-se esgotado.

- Amanhã há mais… - anunciou o vendedor, de olho no rebanho.

Jorge C. Chora

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