quinta-feira, 2 de maio de 2013

A fuga


Guerrearam-se para se instalarem na grande cadeira de braços. Ao fim de uns minutos descobriram que cabiam os dois e refastelaram-se. Olharam para a avó e pediram:

-Conta-nos aquela história -e apontaram o livro colorido.

Desfolhou a avó as primeiras páginas e parou na primeira figura, representando pintainhos e ovos no ninho.

-Os pintainhos nascem dos….- E suspendeu a frase, esperando que eles a acabassem.

- Dos ovinhos … -completaram Francisco e a Matilde.

E as páginas foram sendo viradas, surgindo uma couve e uma cenoura.

-Para o burro… - gritou o Francisco, excitado, recordando-se dos animais da quinta da vizinha dos avós, a que ele dera cenouras e couves à mão.

-Muito bem - incentivou a avó – apontando para a outra figura que mostrava um prato de sopa e perguntando para que serviam também as ditas couves.

A reacção dos pequenitos não se fez esperar. Fugiram da cadeira-trono a sete pés, com os rabos cheios de fraldas, a gritarem em uníssono:

-Sopinha não! Sopinha não!

Não fosse o diabo tecê-las, durante dez minutos, ninguém mais deu pela presença dos miúdos.

Jorge C. Chora

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