Amavam-se dia sim, dia não. Amavam-se à vez. Chico adorava-a
nos dias pares e Glória nos dias ímpares.
Farto de não ver o seu amor retribuído nos seus dias, Chico
propôs que se adorassem todos os dias e retribuíssem o sentimento por inteiro,
quer se tratasse do dia dele ou dela.
Concordaram em fazê-lo e cumpriram durante uma semana o
pacto. Na 2ª semana acharam que estavam em dívida para com um amor que tinham
em comum: um chevy de 1954.
E os cuidados a ter com o chevy? Quem lhos daria? Se até ali
o que estava dispensado de amar se lhe dedicava, agora que ambos se
comprometiam, por inteiro, à relação Glória/Chico, o abandono desse ser
idolatrado, afigurava-se-lhes como um crime de lesa-amor.
Retornaram à antiga fórmula, até que um dia instituíram o
dia de São Chevy e acabaram em definitivo com os dias pares ou ímpares.
Era uma vez o amor de Chico e de Glória no qual se imiscuiu
um chevy.
-Oh Lord
don’t give us chevy’s…
Jorge C. Chora
· * Um chevy é um Chevrolet
Sem comentários:
Enviar um comentário