O grande porco grunhia forte e feio, vociferando ordens a
torto e a direito. Os seus súbditos encolhiam-se e as únicas respostas que
davam, tremendo, eram: sim senhor, é para já.
Nunca elogiava ninguém. Cortava de forma glacial qualquer
tentativa de diálogo. Se algo que não correra conforme as suas ordens, gritava:
- incompetentes!
Ainda o eco não retornara e ele gritava, de novo:
- In-com-pe-ten-tes…- e repetia uma, duas, três vezes - e
colocava a cabeça de banda para escutar, deliciado, as reprimendas que dera.
O pior, mas muito pior, era o facto do grande Schewein,
assim se chamava o mandão, só se deslocar em cima de uma grande bandeja, que os
seus subordinados tinham a infelicidade e a obrigação de carregar.
Shewein engordava a olhos vistos. O único esforço que fazia
era gritar de modo contínuo:
-Depressa…depressa….incompetentes…depressa….
Por vezes, para poupar sílabas, encurtava as ordens e
berrava:
-Schnell…schnell
Um belo dia fez-se carregar para dar um passeio na floresta.
Embrenharam-se para o interior e, mal se descuidaram, verificaram que bem à sua
frente estava uma alcateia esfaimada.
Os subordinados pousaram-no no chão e começaram a fugir.
Schewein, desabituado de andar, ficou paralisado e desatou a gritar:
-Parem meus queridos amigos…parem…
Habituados a obedecerem, os lacaios retornaram. Quando
estavam a levantar Schewein, a matilha satisfez os seus apetites . Não sobrou
nenhum para contar.
Só conseguimos concluir a história através de dois indícios:
o primeiro, é que se encontraram os ossos de 28 no local; o segundo, é que a
alcateia dormiu durante meses ( tal não foi o repasto!)
Jorge C. Chora
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