quarta-feira, 2 de julho de 2014

O triste fim de Schewein

O grande porco grunhia forte e feio, vociferando ordens a torto e a direito. Os seus súbditos encolhiam-se e as únicas respostas que davam, tremendo, eram: sim senhor, é para já.

Nunca elogiava ninguém. Cortava de forma glacial qualquer tentativa de diálogo. Se algo que não correra conforme as suas ordens,  gritava:

- incompetentes!

Ainda o eco não retornara e ele gritava, de novo:

- In-com-pe-ten-tes…- e repetia uma, duas, três vezes - e colocava a cabeça de banda para escutar, deliciado, as reprimendas que dera.

O pior, mas muito pior, era o facto do grande Schewein, assim se chamava o mandão, só se deslocar em cima de uma grande bandeja, que os seus subordinados tinham a infelicidade e a obrigação de carregar.

Shewein engordava a olhos vistos. O único esforço que fazia era gritar de modo contínuo:

-Depressa…depressa….incompetentes…depressa….

Por vezes, para poupar sílabas, encurtava as ordens e berrava:

-Schnell…schnell

Um belo dia fez-se carregar para dar um passeio na floresta. Embrenharam-se para o interior e, mal se descuidaram, verificaram que bem à sua frente estava uma alcateia esfaimada.

Os subordinados pousaram-no no chão e começaram a fugir. Schewein, desabituado de andar, ficou paralisado e desatou a gritar:

-Parem meus queridos amigos…parem…

Habituados a obedecerem, os lacaios retornaram. Quando estavam a levantar Schewein, a matilha satisfez os seus apetites . Não sobrou nenhum para contar.

Só conseguimos concluir a história através de dois indícios: o primeiro, é que se encontraram os ossos de 28 no local; o segundo, é que a alcateia dormiu durante meses ( tal não foi o repasto!)

Jorge C. Chora




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