sábado, 8 de novembro de 2014

A melhor maneira de todos ficarem a saber o que não quer que se saiba


Se o mundo acabasse aos gritos, a senhora sobreviveria. Saiu da viatura a falar tão alto e com uma voz tão estridente que não houve, num raio de muitas centenas de metros, quem não ouvisse o que dizia ao telemóvel:

-A casa fica em frente? Ah! é à direita de quem entra na praceta. E qual é o número… espera, tenho aqui um degrau…é a descer e a letra é a F ? Só um bocadinho…já encontrei. Existe uma espécie de aparelho. É para marcar o código? Vai dizendo …o seis…o dois…o cinco e o vinte e cinco…Já está, abriu.

A velha D. Antónia, foi a única residente que não ouviu ou melhor, não percebeu bem o que se estava a passar:

- A quem é que ela está a dizer o número de telefone?

Após se ter instalado na casa de férias que alugara, a senhora teve de sair. Voltou duas horas depois. Encontrou a porta aberta e a casa sem nada. Saiu espavorida, agarrou-se ao telemóvel e desabafou:

-Amiga, não fazes ideia do que aconteceu! A tua casa foi assaltada. Não sei como aconteceu! Espera, tenho aqui um papel escrito, colado à porta…deixa-me lê-lo…”Para a próxima fale mais baixo. Agradeço as facilidades. Cumprimentos.”

Calou-se durante uns momentos e numa lamúria que quase ensurdeceu o bairro:

-E logo hoje que falei tão baixinho…

V.Exª é como ela e ficou agora a saber como é que todos sabem os seus segredos?

Jorge C. Chora


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