Todos os dias, mais ou menos à mesma hora, dez da manhã, uma
gaivota sobrevoa a tenda de vendas de artesanato de Marco e pousa no muro atrás
de si.
Se Marco, sul-africano que já aportuguesou o nome, não a vê,
ela grasna :
-Estou aqui!
O amigo cessa as suas vendas. Introduz a mão num saco e, sob
o olhar atento da ave, vai retirando a comida que lhe é destinada.
Alinha o granulado da ração de gato em cima do muro liso. A
gaivota, põe a cabeça e o bico de lado e vai comendo, um a um os pedaços que
Marco lhe ofereceu.
Saciada, bate as asas e afasta-se, altiva, para os seus
domínios marítimos, bem perto do local onde comeu, no centro de Albufeira, na
Rua Cândido dos Reis.
Pergunto ao Marco como se chama a sua amiga. Numa fala
carregada de “erres”, responde-me:
- “Pirrata”
E ela, lá do alto, pisca-lhe o olho.
Jorge C. Chora
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