quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

HIPOCRISIA


Imagens de crianças e
pessoas mortas,
à bomba e à metralha,
e em acidentes vários,
povoam jornais,
esgotam edições,
são cabeçalhos de revistas,
e sanguinolentas
aberturas de telejornais.
Também despertam,
verdade se diga,
a atenção para as chacinas
em guerras sem fim à vista.
Uma bola vermelha
no canto direito do ecrã,
resolve os pruridos do censor,
que as apresentam um sem
número de vezes, atestando
a desumanização em que
a humanidade caiu.
Uma mulher surge nua,
 saudável e bela
e eis que saltam,
tarjetas pudicas
que ocultam a púbis
e os seios,
como se de uma
peste mortífera
se tratasse, sepultando
a visão natural
no mais recôndito
e fétido buraco da censura.
Chegam a vestir-se esculturas
da época clássica,
referências culturais
do Ocidente,
para que não ofendam
os radicalismos retrógrados,
produto de religiosidades
 doentias e caducas
que só promovem
a intolerância e o retrocesso
cultural.
Impõe-se, desde já,
o regresso aos
valores humanos, à
civilização, e porque
não, ao nú, que nos
recorda que o Homem
não é só barbárie
e ainda pode
voltar a viver
sem ser de cócoras.


Jorge C. Chora

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