Era obcecado pelo essencial. O que lhe interessava era o
sumo, o importante, o estritamente necessário: o restante era superficial,
conversa mole para se deitar fora. Alcunharam-no de “Essência”.
A sua secura, não cativava quase ninguém. Os que com ele
conviviam, faziam-no profissionalmente e tinham-lhe um profundo respeito. Muitos
chegavam a receá-lo.
Pórcia, uma jovem colega, que nunca mostrara qualquer
animosidade ou receio na sua relação com o “Essência” deu-lhe uma prenda na
Páscoa:
-Uma Páscoa doce - desejou-lhe.
Ele olhou para a prenda. Era uma caixa de papel que se
assemelhava a um pequeno caixão. Arrepiou-se. Abriu-a e viu o interior repleto
de fragmentos de chocolate. Num canto, um pequeno cartão rezava assim:
Para quem ama a essência e despreza a forma, divinos pedaços
de chocolate do que foi um belo ovo de Páscoa.
Beijos da Pórcia.
O “Essência” agradeceu, beijou-lhe a mão e disse:
-Em suma, mostraste-me que a aliança perfeita é entre a
forma e a essência. Obrigado Pórcia.
Jorge C. Chora
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