quinta-feira, 13 de abril de 2017

O OVO DE PÁSCOA



Era obcecado pelo essencial. O que lhe interessava era o sumo, o importante, o estritamente necessário: o restante era superficial, conversa mole para se deitar fora. Alcunharam-no de “Essência”.

A sua secura, não cativava quase ninguém. Os que com ele conviviam, faziam-no profissionalmente e tinham-lhe um profundo respeito. Muitos chegavam a receá-lo.

Pórcia, uma jovem colega, que nunca mostrara qualquer animosidade ou receio na sua relação com o “Essência” deu-lhe uma prenda na Páscoa:

-Uma Páscoa doce - desejou-lhe.

Ele olhou para a prenda. Era uma caixa de papel que se assemelhava a um pequeno caixão. Arrepiou-se. Abriu-a e viu o interior repleto de fragmentos de chocolate. Num canto, um pequeno cartão rezava assim:

Para quem ama a essência e despreza a forma, divinos pedaços de chocolate do que foi um belo ovo de Páscoa.
Beijos da Pórcia.

O “Essência” agradeceu, beijou-lhe a mão e disse:

-Em suma, mostraste-me que a aliança perfeita é entre a forma e a essência. Obrigado Pórcia.


Jorge C. Chora

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