Caetana, a minha pequena neta, tem tanto de anjo como de pequeno
demónio.
Mexe-se o dia inteiro e só se cala quando tem a boca cheia,
de comida ou de frases que se atropelaram e ficaram retidas, à espera de vez
para saírem.
Há uma semana, a avó afadigava-se, sem sucesso, para lhe
mudar a fralda. Em cima da cama, saltava e esperneava furiosa, pois não queria
mudá-la.
-Ó Caetana, tu és marota… -dizia-lhe a avó.
Sacudiu os caracóis louros, aborrecida com a cantilena, os
seus olhos verdes a faiscarem, respondeu prontamente:
-Não…não “avójinha”… a Caetana é fofinha…
E não sossegou enquanto a avó não disse, de modo convincente:
-A Caetana é fofinha…muito, muito fofinha…
E aí a doce Caetana, pactuou:
-Um beijo avó …
A avó, enquanto a foi beijando, ela foi repetindo:
-A Caetana é fofinha…
Jorge C. Chora
Sem comentários:
Enviar um comentário