Fazia inveja ao mais pontual dos ingleses. À mesma
hora, passava à porta da loja, com o seu cão e deixava que ele fizesse as suas
necessidades, num pequeno montinho de ervas. Ia-se depois embora, sem limpar o
local, como se nada fosse com ele.
Naquele dia, como sempre, quando se preparava para
deixar o cão aliviar o intestino, a simpática dona da loja chamou-o:
-Se não se importa, entre…deixaram aqui um presente
para o senhor…
-Para mim !? -surpreendeu-se o dono do cão- Quem
deixou?
-Olhe, para lhe dizer a verdade, a senhora limitou-se
a entregar-me a encomenda com a especial menção de lha entregar em mão…
O senhor recebeu a encomenda, um enorme embrulho, com
um laço azul Desembaraçou-se do cordel que a envolvia e abriu-a. Um cheiro
nauseabundo empestou o ar.
-O que vem a ser isto?-questionou com um ar enojado o
dono do cão.
-São os presentes do seu cão. São só os desta semana!
Não me diga que não gosta? São do seu cão…pode levá-los à confiança…
Agora, sempre que o homem finge esquecer-se de apanhar
os cócós, há sempre quem o recorde:
-Olhe a prenda…
Jorge C. Chora
8/7/18
Sem comentários:
Enviar um comentário