terça-feira, 20 de novembro de 2018

O SEGREDO DA CAIXA DOS AVÓS


                                         
 Após a morte da mãe, o irmão mais velho convocou os mais novos para uma reunião, referindo tratar-se de um assunto da máxima importância.
À hora aprazada, com todos presentes, iniciou a reunião:

-A mãe pediu-me, antes de falecer, que vos comunicasse e mostrasse algo de suma importância para a família.

Os irmãos entreolharam-se e pediram-lhe:

-Diz-nos, sem demora, do que se trata. Não nos mates de curiosidade.

-Vou ser breve - e logo a seguir, mostrou um cofre de couro, informando que pertencia à família há várias gerações  - ele contém a riqueza suficiente para resolver, em caso de urgência e só mesmo nessa situação, uma aflição familiar. Nenhum dos antepassados nem a mãe precisaram. Ela encarregou-me de vos pedir que só se servissem dela, sublinho, em último recurso e com o consentimento de todos.

Sessenta anos depois, por ocasião de uma festa familiar, um dos bisnetos, na brincadeira, deitou a mão à prateleira e deitou o cofre de couro ao chão.
Pararam as conversas e um silêncio pesado impôs-se.
A família aproximou-se, curiosa. Olharam surpresos para a caixa que se tinha aberto: estava vazia. Não continha absolutamente nada.
Desconfiados, olharam para o irmão mais velho e ele esclareceu:

-Este cofre, é mais do que certo, nunca conteve nenhuma riqueza. Nem os avós, nem os pais, e muito menos nós, precisámos dela. Serviu só de segurança hipotética.

-E tu sabias?

-Claro que não! Duvido que algum dos nossos antepassados, incluindo a mãe soubessem!

Os  que viveram antes de nós, legaram-nos uma visão de família…

-Que visão mano velho?

E o mano velho questionou-os:

- Acham que a riqueza da nossa família, alguma vez cabia neste pobre cofre? A riqueza são vocês, somos nós meus irmãos, e a nossa união.

-Ai da família cuja riqueza cabe num cofre… - acabaram por concordar os irmãos.

E a festa continuou, tão alegre como dantes.

Jorge C. Chora
20/11/2018


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