quarta-feira, 17 de março de 2021

O MEU EXERCÍCO MATINAL

 Em tempo de pandemia, o meu exercício matinal é assaz limitado. Arrasto-me pelo parque, rebocado pela minha mulher, que não desiste de caminhar uns minutos diários para não enferrujar. Em tempo normal, andamos cerca de 6Kms por dia, logo pela manhã, até às Portas de Benfica.

Estou a habituar-me ao mini -circuito e se isto continuar, não sei se terei vontade de retornar aos estirões pré-pandemia.

Nas manhãs atuais, enquanto a minha mulher me puxa parque acima, cruzo-me com gente interessante, nomeadamente com a Pisa-Ovos. Ela corre estando quase parada, com passinhos tão, mas tão lentos e cuidadosos que mais parece estar preocupada em não fazer nenhuma gemada. Para se certificar se algum ovo ficou estragado, observa uma maquineta que provavelmente identifica o que pode ter sido estragado.

Mais adiante, vejo um cão, em corridas para cima e para baixo nas margens da ribeira, onde abocanha uma pedra em substituição de uma bola. Transporta-a para o topo de uma elevação, larga-a e acompanha-a na descida ladrando e abanando o rabo. Não tem com quem brincar, brinca sozinho. Todos os dias o vejo e já quase nos cumprimentamos.

Hoje vi uma senhora a descer em direcção à ribeira, toda ligeira, e pensei que ela ia recolher alguma garrafa ou plástico que lançam à ribeira. Qual não foi o meu espanto, ao vê-la colher as flores que alindavam aquele canto, subir a margem e desaparecer, pensando certamente em decorar a jarra lá de casa.

E enquanto faço esta caminhada, cumprimento, isso sim, gente como eu, da brigada do reumático, que se vai arrastando e se força a sair uns minutos de casa!

 

Jorge C. Chora

17/03/2021

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