Anda o octogenário
pé ante pé,
deslumbrado
e cego,
atrás das beldades,
como um medonho ogre,
imaginando devorá-las
para dizer aos amigos:
Foi tão bom,
estar com esta e com aquela.
Como se as belas não
vissem nem soubessem,
não só da sua idade,
mas da sua horrorosa fealdade,
quer nos dias pares,
quer nos ímpares,
extensiva aos fins de semana e feriados!
E o octogenário, insiste nas suas balelas,
recusando-se a ver os amigos,
com o dedo maior
estendido
na sua direção,
com o anelar e o indicador,
a seu lado, bem encolhidos,
pensando com os seus botões:
e este a querer ensinar
o padre nosso ao vigário!
E o Ogre volta à carga
a ver se convence
alguém:
-E foi tão bom! Não sejam invejosos!
Jorge C. Chora
9/06/2022
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