Em tardes de
boa-vai-ela
e noites de
piela,
urinava nas
ruas
e
aliviava-se nas vielas.
Esquecia-se
de trabalhar
e o dinheiro
a faltar:
começou a
roubar.
Tantas fez
que foi apanhado
e não tardou
a ser enjaulado.
Jovem e bonito
como era,
chamaram-lhe
um figo na cadeia,
e logo lhe
trataram do pandeiro.
Primeiro
estranhou e depois entranhou-se,
tal e qual
como a Coca-Cola
e o dizer de
Pessoa.
Para
sustentar a antiga vida,
circulava
por Lisboa
e vendia-se
a quem o queria.
Foi
espancado, abusado e roubado
e depressa
adoeceu, foi internado e morreu.
Ninguém o
visitou no hospital
e ao seu
funeral ninguém compareceu:
nem os
companheiros da boa-vai-ela,
muito menos
os clientes do pandeiro
e acabou
enterrado como indigente,
o amigo das
tardes da boa-vai-ela
e das noites
de piela.
Jorge C. Chora
18/12/2023
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