sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A PAIXÃO INCUMPPRIDA

 

É desvario,

arrepio,

pele de galinha,

água na boca,

incessante desejo

dos tesouros da amada,

debaixo da blusa e da saia escondidos,

inchaço nas calças mal contido,

por ela percebido e ansiado,

desespero por estar vestida.

 

         Jorge C. Chora

            29/11/2024

 

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

A TOLERÂNCIA E A INTOLERÂNCIA


A cada valor positivo,

corresponde um negativo, 

mas a esta polaridade,

acontece algo estranho,

pois o negativo pode ser.

em alguns casos positivo.

Como assim?

A intolerância contra a ditadura,

é negativa ou positiva?

A intolerância contra os criminosos de guerra,

é ou não positiva?

A intolerância contra os intolerantes

…e pode continuar a lista se quiser…

            Jorge C. Chora

              28/11/2024

 


terça-feira, 26 de novembro de 2024

BONITA OU FEIA?

 

Ser-se bonita é relativo.

É -se bonita num sítio,

mas menos n’outro,

dependendo da região

do globo onde está.

Além de que se pode ser considerada

 bonita num sítio e horrorosa no

mesmo local!

Perguntem a uma criança,

 se a sua professora é bonita.

Dirá, eventualmente, que é linda

e se a virmos, salta-nos à vista,

de que de bonita nada tem,

sendo uma outra professora,

uma estampa, uma Bruna Lombardi,

vista como menos bonita

 ou mesmo como feia.

Os critérios foram outros:

Nuns predominou a estética física,

noutros a afetiva!

Convenhamos, no exemplo que dei,

 que a Bruna Lombardi só pode ser associada

 aos dois critérios e não há mais conversa.

                Jorge C. Chora

                   26/11/2024

sábado, 23 de novembro de 2024

A CALÇADA


Na calçada já gasta,

inclinada e esburacada,

tanto escorrega a rica como a pobre.

À rica ampara-a a açafata,

à pobre, o frio da calçada.

Pode dar-se o caso

de uma delas ser bonita,

e por perto estar um catita

que ao colo a acolhe

e um beijo na mão lhe deposita.

Azar para o catita, se a mão

em vez de perfume, cheira a alho

e então repreende:

- Tem de ter mais cuidado!

Mas, se a mão for da outra,

da perfumada e rica,

e a açafata chegou tarde,

então dirá:

- Minha senhora, sempre que eu estiver

por perto, não há perigo de monta e espeta-lhe

outro beijo, na delicada e perfumada mão.

         Jorge C. Chora

            23/11/2024


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

DUAS MULHERES E UM AMANTE

 

Amavam-no e eram amadas,

pelo mesmo namorado,

em dias alternados,

por elas escolhidos

e por ele cumpridos.

Algumas dificuldades

por ele reveladas,

e por elas sentidas,

fizeram-nas considerar,

que esforço de que ele

 e elas vinham usufruindo,

talvez fosse um pouco exagerado.

Descobriram afinal, que ele

tinha outra amiga

e perderam toda a piedade:

combinaram entre elas,

exigirem todos os dias,

estarem com ele,

mas não ao mesmo tempo;

a uma cabia-lhe a manhã

e à outra a tarde.

Semana sim, semana não,

trocavam os turnos.

Livraram-se num ápice da Intrometida

que esgotava o seu amado

e tudo voltou à santa normalidade!

           Jorge C. Chora

               21/11/2024

domingo, 17 de novembro de 2024

A TOALHA MATA-BORRÃO

 

Sonho ser uma toalha

de tipo mata-borrão,

secar-te após o banho,

não esquecendo poro

algum do teu corpo.

Ver-te ao acordar

e ao deitar, na tua nudez,

estampada na minha toalha

mata-borrão, onde cada poro

 do teu corpo abençoado,

está presente e assinalado,

de dia iluminado pela luz do sol,

de noite pela luz fluorescente,

incidindo na toalha mata-borrão,

pendurada na parede do meu quarto.

          Jorge C. Chora  

           17/11/2024

sábado, 16 de novembro de 2024

OS LÁBIOS DE DUAS DEUSAS

 

De seus lábios,

nascem pérolas,

disfarçadas de palavras,

logo acolhidas, embaladas

e pelo vento espalhadas.

Quem as ouve, encanta-se,

são cristalinas e fazem sentido,

até vermos os próprios lábios a pronunciá-las.

A sua sensualidade transtorna-nos,

as palavras metamorfoseiam-se

 em meros sons, melódicos, mas secundários.

 Desejos incontroláveis

de os beijar e tornar a beijar,

sobrepõem-se a qualquer outro,

tornam-se um imperativo imediato e eterno:

Afrodite e Atenas nunca se tinham tornado numa só.

                 Jorge C. Chora

                  16/11/2024

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

OS SELVAGENS CITADINOS

 

Quem carros queima,

ao acaso e por puro sadismo,

de selvagem não passa:

é gente sem discernimento.

Destruir viaturas ao relento,

a pobres e remediados pertencendo,

único bem da maioria e de muitos, sustento,

não é loucura, é maldade e selvajaria.

Deixar na penúria quem os carros está a pagar

e sem eles fica e os continua a ter de pagar,

é tortura, atrocidade desumana,

barbaridade inominável e maquiavélica.

Pessoas desta índole, são bichos,

piores do que os animais, porque estes,

matam para sobreviver e não para se divertirem,

como os selvagens da teia urbana!

                     Jorge C. Chora

                       15/11/2024

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

A CARTA

 

Escreveu uma carta de amor,

sem destinatário.

Selou-a como um beijo

e entregou-a ao vento para a deixar,

ao acaso, como se fosse uma mensagem

numa garrafa atirada ao mar.

Esperaria pela resposta o tempo necessário.

O vento, desorientado, levou-a e trouxe-a de volta,

entregando-a à sua vizinha do andar debaixo.

Ela bateu-lhe à porta e disse-lhe:

-Não sabia que eras enamorado por mim,

tal como eu sou por ti. Subo eu ou desces tu?

E o vento saiu soprando de alegria,

 por mais uma vez ter acertado nos tímidos

amores entre vizinhos!

                Jorge C. Chora

                13/11/2024

 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

S. MARTINHO

    

Neste dia, vá ao pipo,

beba branco ou tinto,

traga a malga,

divirta-se com a malta

e não se esqueça:

evite andar aos esses,

pois entorna o vinho,

quer branco quer tinto,

derruba as castanhas

e ainda parte a malga!

 

      Jorge C. Chora

        11/11/2024 

sábado, 9 de novembro de 2024

AS MANDONAS

 

Linguarudas e mandonas,

mandam e desmandam,

fingindo ser mandadas.

Povoam-nos as cabeças, ´

quer de dia quer de noite

e só não conseguem

o que não querem.

Nunca reconhecem

terem o que querem.

A sua doçura ao falar,

o seu peculiar rebolar,

o perfume que costumam espalhar,

a sua arte de seduzir e sussurrar,

tudo nelas é mistério e nos atrai,

sem sequer precisarem de falar,

para cairmos como moscas na teia,

mas por vontade nossa, convencem-nos elas,

como se fossemos nós, a algo decidir e a conquistar.

Não vivemos sem elas e seus ardis e que bom é ser assim,

no reino das mulheres empoderadas,

passando-se por fracas e mandadas!

               Jorge C. Chora

                  9/11/2024

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

O MINORCA

 


João “Minorca”, media metro e meio,

razão pelo qual tinha essa alcunha,

mas mais trinta centímetros impunha,

acima do seu metro e meio,

a todas as namoradas que tivera e à que tinha.

Espantavam-se os amigos com esta obsessão,

até que um dia, uma mulher mais atrevida,

exatamente com um metro e oitenta,

lhe perguntou a razão dessa opção.

- Minha querida, a resposta está em si.

- Em mim?

-Sim e se a quiser, basta-lhe dar-me um abraço apertado.

E o abraço aconteceu, tendo o Minorca ficado colocado,

segundo as suas palavras, às portas do paraíso desejado.

                                          Jorge C. Chora

                                              8/11/2024

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

DA ALEGRIA À TRISTEZA

 

DA ALEGRIA À TRISTEZA

A alegria de milhões,

todos emigrantes

ou deles descendentes,

festejando a expulsão

d’outros que não a deles,

como parte da alquimia,

de um programa que tudo

promete a quem pouco tem,

retirando direitos a quem os tem,

nomeadamente às mulheres.

Oxalá a tristeza de muitos milhões d’hoje,

 não se torne na tristeza dos que agora festejam

a expulsão d’outros que não a deles.

Jorge C. Chora

7/11/2024

 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

O PIRIPIRI

 

Olhando para o piripiri,

até a cabeça sacudiu,

antecipando o arrepio,

do crescimento do seu sucuri.

Tanto, mas tanto comeu

e o efeito que pretendeu,

puramente desapareceu.

Toda a noite correu para a pia,

 até a sua caminha borrou,

e o sucuri, coitado, mirrou,

com o maldito piripiri!

Jorge C. Chora

     5/11/2024

domingo, 3 de novembro de 2024

O INDECISO

 


Quem a sua boca beija,

outra julga não querer,

a sua, é puro amor,

as outras um devaneio.

Ambos os lábios são vermelhos,

de comum, talvez o sabor a amoras,

quiçá seja legítimo concluir,

ser a mistura do amor com as amoras,

uma fusão do céu com o paraíso,

sendo grave crime separar os dois.

          Jorge C. Chora

              3/11/2023