Fadistar,
era o seu modo de estar,
a sua
maneira de amar,
o seu
permanente cantar.
Roberto,
após o seu trabalho,
com a sua guitarra
às costas,
proclamava:
- Vou
fadistar!
Bailavam-lhe
os versos,
e os ternos
gemidos da sua guitarra,
carinhosamente
tangida,
por este
poeta-fadista no seu fadistar.
Não havia
mulher que não amasse,
a quem não
dedicasse as canções
e os fados,
fosse ela a Júlia, a Amália,
a Ana ou a
mais tirana de todas, a linda Vera.
As serenatas
noturnas penalizaram-no
com uma
pneumonia, mas não deixou,
mesmo assim,
de sair e cantar todas as noites.
Internado
quando já nada havia a fazer,
faleceu a
cantarolar, confidenciou uma enfermeira.
À sua viagem
final, compareceram as mulheres
a quem
amava, com exceção da Vera, a mais amada.
Carolina, a
sua empregada, acompanhada da fiel gata
de Roberto, não
o deixou partir sem a companhia da sua guitarra,
não fosse
ele precisar dela para, quiçá, continuar a fadistar no lugar para onde ia.
Jorge C. Chora
22/02/2025
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