sábado, 22 de fevereiro de 2025

FADISTAR

 

 


 

Fadistar,

 era o seu modo de estar,

a sua maneira de amar,

o seu permanente cantar.

Roberto, após o seu trabalho,

com a sua guitarra às costas,

proclamava:

- Vou fadistar!

Bailavam-lhe os versos,

e os ternos gemidos da sua guitarra,

carinhosamente tangida,

por este poeta-fadista no seu fadistar.

Não havia mulher que não amasse,

a quem não dedicasse as canções

e os fados, fosse ela a Júlia, a Amália,

a Ana ou a mais tirana de todas, a linda Vera.

As serenatas noturnas penalizaram-no

com uma pneumonia, mas não deixou,

mesmo assim, de sair e cantar todas as noites.

Internado quando já nada havia a fazer,

faleceu a cantarolar, confidenciou uma enfermeira.

À sua viagem final, compareceram as mulheres

a quem amava, com exceção da Vera, a mais amada.

Carolina, a sua empregada, acompanhada da fiel gata

de Roberto, não o deixou partir sem a companhia da sua guitarra,

não fosse ele precisar dela para, quiçá, continuar a fadistar no lugar para onde ia.

                             Jorge C. Chora

                                 22/02/2025

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