segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sumos e Massagens

A carrinha estacionou no princípio da rua e dela saíram quatro belas raparigas e dois rapazes. De imediato, começaram a descarregar pacotes de folhetos que os rapazes separavam e empilhavam em quatro montes. Cada rapariga recolhia uns molhinhos e dirigiam-se depois para o início da rua, uma de cada lado, e as outras duas para o fim, também para lados separados.

Um dos rapazes, olhando para o relógio, retirou um pequeno apito amarelo, da cor dos folhetos, esperou uns segundos e deu o sinal de partida.

De ambos os lados as funcionárias deram início à distribuição dos folhetos, movendo-se em seguida para se juntarem no centro. Em passos cadenciados e vigorosos, as longas e torneadas pernas tremiam o estritamente necessário, mostrando elegância e firmeza, apanágio de verdadeiras modelos.

Os folhetos eram aliciantes. Anunciavam diferentes serviços de equipas profissionais em construção e manutenção de jardins, piscinas, saunas e solários.

O percurso das funcionárias estava segmentado em várias partes e no fim de cada uma, os rapazes iam ao seu encontro com mais uma remessa de panfletos. Acto contínuo, havia um pequeno descanso em que cada funcionária estendia as pernas e era massajada, por alguns segundos, correndo o funcionário para o outro lado da rua para proporcionar à outra colega o revigorante tratamento. Nos dias de calor distribuíam um sumo fresco.

Da parte da tarde, o proprietário da empresa, ao chegar ao escritório encontrava, geralmente, grandes filas à sua espera. Uma fila com aqueles que queriam recorrer aos serviços da empresa, encomendando serviços ou construções e duas outras filas, uma de rapazes e a outra de raparigas para se inscreverem nos serviços de distribuição.

-Ou acordam ou vão ambos para a rua! Até parece que estão a sonhar com o paraíso – vociferou colérico o encarregado empoleirado na parte de trás da carrinha, farto de esperar pela Amélia e pelo João, com mais de cinquenta quilos de panfletos publicitários para serem distribuídos.

-Já vai chefe…Já vai – resmungaram ambos, sonhando com sumos e massagens.

Jorge C. Chora

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