A dor de barriga apanhou-o a descer o beco. Parou. Sabia que dificilmente poderia progredir sem haver azar. Cruzou as pernas e apertou-se o mais que pôde. Conseguiu refrear o irrefreável. “Só mais um bocado, vou conseguir chegar a um café”, pensou.
Olhou em redor. Nada de cafés. Lembrou-se de que nem dinheiro trocado tinha para encomendar uma bebida. Só tinha uma maldita nota de cem euros. De relance ainda tentou recordar-se de alguma casa de banho pública no local. Depressa lhe veio à memória a sua oposição à construção desse tipo de edificação, desperdício de dinheiros públicos, segundo a sua opinião. Se o arrependimento matasse!
Que pena não poder recuar, por artes mágicas, uns séculos atrás que era ali mesmo que se aliviaria. Era um” passar vento “! A necessidade tornou-se ainda maior e obrigou-o a desapertar o botão das calças. No princípio das escadas surgiram três transeuntes.
-Maldição! Não posso mais – murmurou, empalidecendo, numa primeira fase, para de seguida ficar esverdeado. Não se aguentou. “E agora?” Questionou-se, para de supetão desandar do local. Logo por azar não trouxera o carro.
Entrou no metro, sentou-se, apertou o nariz e, bem alto sentenciou:
-Esta malta não toma banho!
Jorge C. Chora
segunda-feira, 15 de março de 2010
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A melhor defesa é o ataque!Quem não pode arreia!
ResponderEliminar:-))
ResponderEliminarExcelente, Jorge!