terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O bolso do cão

Depois da conversa posta em dia, dos medicamentos aviados, de todos os conselhos pedidos e satisfeitos, da conta feita, chegou o momento de pagar.

-Querem lá ver… não tenho aqui dinheiro…não sei o que fiz à carteira! E agora? – e a senhora rebuscava os seus bolsos e a mala, sem sucesso.

Calmamente diz-lhe o ajudante da farmácia que a atendia, em tom de brincadeira:

-Deixe lá minha senhora, não se preocupe, não há qualquer problema…não leva os medicamentos e está resolvida a situação…

A senhora nem o ouviu, ocupada na sua busca infrutífera.

O ajudante espreita por cima do balcão, na direcção do pequeno e velho cão que a cliente trazia à trela e volta à carga:

-Minha senhora já procurou no bolso do cão?

-Que disparate…não brinque que isto é sério!

Nesse preciso momento o cão, que estava de costas para o balcão, volta-se e mostra a carteira que tinha presa na boca.

-“Queriducho”, vales mais do que uns e outros… -e quase fulminava o interlocutor com o olhar, sem que este sequer se apercebesse, perdido de riso como estava.

Ainda o cão não tinha transposto a porta, quando estanca, volta-se para trás e pisca o olho ao ajudante que se engasgou e do riso passou a tossir desalmadamente.

Jorge C. Chora

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