Mal os primeiros roncos de motor se ouviam, as apostas desencadeavam-se:
-Cai ou não cai? Quem aposta no sim? E no não? – e o Ruço ia aceitando o dinheiro e anotando os respectivos apostadores.
O carro aproximava-se e as atenções de todos os jovens concentravam-se no buraco existente à frente da esplanada do café da vila. Esperavam e viam se a viatura conseguia evitá-lo ou se caía nele. A diversão há muito que existia e era um dos passatempos de Verão.
Uma espécie de soluços à mistura aliada a um arfar roufenho, colocou em alerta os jovens que se preparavam para as apostas.
-Ó malta, deve ser o ti`Afonso !- berrou o Ruço.
Uma carripana, progredindo aos solavancos, conduzida pelo velho Afonso, ao abeirar-se da cratera foi desviada por um grande grupo dos jovens presentes que lhe fez sinais para o desviar do perigo.
Um visitante estranhou o facto:
-Tantos a avisarem o senhor? Então as apostas?
-Se não o avisarmos, já sabemos… temos todos de nos pôr em fila para levarmos um “calduço”…
-Mas ele não sabe da existência do buraco?
-Saber sabe…mas esquece-se… - responderam os que estavam mais próximos.
-Mau…mas o que estranho é que vocês deixem que eles vos dê uns cascudos…
-É que ele é nosso parente…muito próximo…a maior parte de nós somos sobrinhos-netos e alguns… netos…
-Bom…mas nem todos são…eu, por exemplo, não lhe admitia! Virava-me…
-Estavas tramado…levavas cascudos de todos os netos e sobrinhos-netos.
Jorge C. Chora
terça-feira, 23 de agosto de 2011
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