A morte de um tio-avô fê-lo herdar uma pequena fortuna.
Sempre sonhara em ter um pequeno hotel e construir um projecto turístico, numa
baía paradisíaca que conhecia. Só lá existia uma pequena residencial. Não podia
perder a oportunidade.
Partiu levando na mala os sonhos, os projectos e o dinheiro
para os concretizar. À sua espera encontrava-se um intermediário que contactara
antecipadamente. Explicou-lhe o motivo da sua deslocação e logo ali, “O
Ligeiro”, aprazou, para dali a dois dias uma reunião, pelas dez da manhã, no
hotel onde o visitante se instalara na cidade.
Duas horas após o combinado, “O Ligeiro” apareceu com mais
três pessoas: Um agente imobiliário, um arquitecto e um funcionário local. Como
eram horas de almoço tiveram de honrar a refeição e fizeram-no a preceito. Nada
se discutiu e marcou-se outro encontro para o dia seguinte, duas horas após a
refeição que tinham acabado de tomar.
Só compareceram à hora do lanche, as mesmas pessoas do dia
anterior, mais o representante da construtora. Deleitaram-se com um petisco que
acabou noite cerrada, sem que nada fosse discutido. Foi agendado para o dia
seguinte, para as sete da manhã, um encontro de trabalho.
Pelas nove, o grupo de contacto, agora alargado a mais dois
conselheiros jurídicos, tomou o pequeno-almoço que só terminou ao meio dia. Devido
ao adiantado da hora, ficou combinado encontrarem-se pela tardinha. Ao jantar
compareceram os convivas, com mais dois publicitários e atacaram, em conjunto,
o acepipe que foi servido: cabrito no forno, antecedido por uns lagostins feitos
à moda local.
O tempo foi passando, o investidor foi gastando o seu
pecúlio e nada, mas absolutamente nada foi tratado. O grupo da recepção tinha
uma longa lista de pessoas para convidar. Ao fim de um mês, já havia interessados
em serem sócios do investidor.
Ao fim do terceiro mês, o herdeiro fez as malas e, em segredo,
desapareceu. Quando chegou a Lisboa, teve de andar a contar os cêntimos e foi
por um triz que conseguiu pagar o táxi.
À mesma hora a que regressou, na baía encantada, o grupo da
recepção, realizava um jantar na residencial aí localizada. No fim do lauto
banquete, o dono da residencial fez um brinde aos presentes:
-Um agradecimento muito especial aos meus primos que, mais
uma vez, souberam, com a sua arte, proteger o negócio da família e afastar a
concorrência.
Jorge C. Chora
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