quinta-feira, 1 de outubro de 2015

GOLPADA À ITALIANA NA AMADORA


Hoje, cerca das onze horas e trinta minutos, o condutor de uma carrinha volkswagen de cor escura, acenou-me de um modo efusivo, acompanhando os acenos com buzinadelas, enquanto eu atravessava a passadeira de peões.

Retribuí os cumprimentos, embora não tivesse reconhecido o automobilista. Este parou a viatura logo após a passadeira e quando me aproximei, estendeu-me a mão e declarou que fazia 32 anos. Apertei-lha, dei-lhe os parabéns mas, avisei-o de que não o conhecia. Continuou a tratar-me como se fosse um velho amigo.

Saiu do carro, abraçou-me e deu-me uma forte palmada nas costas, comunicando-me que abrira uma loja no Babilónia, destinada a vender pólos e têxteis. Abriu a bagageira, repleta de pólos ainda embrulhados, pediu-me que segurasse num saco plástico e atirou duas embalagens para o seu interior, dizendo-me que eram”oferecidas”. Recusei a “doação” e o “aniversariante” deixou passar alguns segundos e colocou mais quatro pólos dizendo:

-Ofereço-lhe duas e só me paga quatro.

Recusei de novo.

-Só são dez euros! - insistiu.

-Não obrigado. Além disso não tenho dinheiro…

-Então quanto tem?

-Nenhum…dei à minha mulher o dinheiro que tinha, para ir à mercearia…

Pegou no saco, atirou-o para a bagageira e partiu sem se”despedir”.

Golpadas como esta, via-as há muitos anos em Roma, com a diferença de que, os meliantes não diziam ter nascido naquele dia.


Jorge C. Chora

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