Hoje, cerca das onze horas e trinta minutos, o condutor de
uma carrinha volkswagen de cor escura, acenou-me de um modo efusivo,
acompanhando os acenos com buzinadelas, enquanto eu atravessava a passadeira de
peões.
Retribuí os cumprimentos, embora não tivesse reconhecido o
automobilista. Este parou a viatura logo após a passadeira e quando me
aproximei, estendeu-me a mão e declarou que fazia 32 anos. Apertei-lha, dei-lhe
os parabéns mas, avisei-o de que não o conhecia. Continuou a tratar-me como se
fosse um velho amigo.
Saiu do carro, abraçou-me e deu-me uma forte palmada nas
costas, comunicando-me que abrira uma loja no Babilónia, destinada a vender
pólos e têxteis. Abriu a bagageira, repleta de pólos ainda embrulhados, pediu-me
que segurasse num saco plástico e atirou duas embalagens para o seu interior,
dizendo-me que eram”oferecidas”. Recusei a “doação” e o “aniversariante” deixou
passar alguns segundos e colocou mais quatro pólos dizendo:
-Ofereço-lhe duas e só me paga quatro.
Recusei de novo.
-Só são dez euros! - insistiu.
-Não obrigado. Além disso não tenho dinheiro…
-Então quanto tem?
-Nenhum…dei à minha mulher o dinheiro que tinha, para ir à
mercearia…
Pegou no saco, atirou-o para a bagageira e partiu sem
se”despedir”.
Golpadas como esta, via-as há muitos anos em Roma, com a
diferença de que, os meliantes não diziam ter nascido naquele dia.
Jorge C. Chora
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