sábado, 24 de outubro de 2015

UMA RESPOSTA DO FUNDO DAS ENTRANHAS


 O senhor esperava pela sua mulher que andava às compras nas estreitas ruelas do burgo algarvio. Soprando de impaciência, o marido resignou-se a esperá-la e fê-lo do lado oposto à loja onde a esposa entrara.

Minutos após se ter postado ao lado da montra de uma loja, surge-lhe do seu interior, espécie de gruta de alibábá, um lojista inglês, desvairado, que num português macarrónico o invectiva:

-Eu pagarr imposto, sair da frrente do meu loja!

O cavalheiro olha para o abstruso comerciante e só percebe o que ele lhe diz, após o “poliglota”lhe ter repetido, furioso, a troglodita e esforçada frase, de certo produto de uma custosa aprendizagem, sabe-se lá com quantos anos de um suado esforço.

O cavalheiro olhou-o, incrédulo, e sentiu o sangue a ferver-lhe perante a desfaçatez do comerciante. Conseguiu controlar-se, esboçou o seu melhor sorriso e, de repente, produziu um fortíssimo estrondo intestinal, enquanto proferia as seguintes palavras:

-Embora o senhor só diga asneiras, ofereço-lhe, um presente vindo bem do meu interior, um presente do coração…

E foi aí que o génio, com os dedos apertando o nariz, teve um acesso de boa educação e agradeceu:

-Thank you…

-Nothing at all … – e, logo de seguida, uma nova, estonteante, ruidosa e fedorenta ventania, presenteou o grosseiro” bife” que desandou gritando:

-My God… my God…

Jorge C, Chora



Jorge C. ChoraJorge

Sem comentários:

Enviar um comentário