O senhor esperava
pela sua mulher que andava às compras nas estreitas ruelas do burgo algarvio.
Soprando de impaciência, o marido resignou-se a esperá-la e fê-lo do lado
oposto à loja onde a esposa entrara.
Minutos após se ter postado ao lado da montra de uma loja,
surge-lhe do seu interior, espécie de gruta de alibábá, um lojista inglês,
desvairado, que num português macarrónico o invectiva:
-Eu pagarr imposto, sair da frrente do meu loja!
O cavalheiro olha para o abstruso comerciante e só percebe o
que ele lhe diz, após o “poliglota”lhe ter repetido, furioso, a troglodita e
esforçada frase, de certo produto de uma custosa aprendizagem, sabe-se lá com
quantos anos de um suado esforço.
O cavalheiro olhou-o, incrédulo, e sentiu o sangue a
ferver-lhe perante a desfaçatez do comerciante. Conseguiu controlar-se, esboçou
o seu melhor sorriso e, de repente, produziu um fortíssimo estrondo intestinal,
enquanto proferia as seguintes palavras:
-Embora o senhor só diga asneiras, ofereço-lhe, um presente vindo
bem do meu interior, um presente do coração…
E foi aí que o génio, com os dedos apertando o nariz, teve
um acesso de boa educação e agradeceu:
-Thank you…
-Nothing at all … – e, logo de seguida, uma nova, estonteante,
ruidosa e fedorenta ventania, presenteou o grosseiro” bife” que desandou
gritando:
-My God… my
God…
Jorge C, Chora
Jorge C.
ChoraJorge
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