José Silva considera-se um mãos-rotas. Nos idos de oitenta, encontrou quatro amigos e pagou-lhes três taças de vinho tinto e uma de branco. Uma taça a cada um.
Ao chegar a casa, anotou num velho canhenho, a despesa com o
seguinte registo:
Hoje, quarta-feira, fiz uma boa ação. Ofereci ao João, ao António,
ao Manuel e ao Fernando, um copo de vinho. Aos três primeiros, um tinto e ao
último um branco.
Espero ter feito um investimento e receber, pelo menos, seis
copos de um vinho superior ao que lhes paguei.
Alcunharam-no de “Mãos Rotas” e ele acha que a alcunha lhe
assenta que nem uma luva.
A provar o acerto, sempre que a ocasião se proporcionava, consultava
o canhenho com registo da boa ação por si praticada, naquela quarta-feira, nos
idos de oitenta.
O receio de quem o conhece bem, e pelo andar da carruagem, é
de que o José Silva acabe por ser convidado para ministro das finanças.
Arre!
Jorge C. Chora
3/01/2021
Sem comentários:
Enviar um comentário