domingo, 3 de janeiro de 2021

O MÃOS-ROTAS

 

José Silva considera-se um mãos-rotas. Nos idos de oitenta, encontrou quatro amigos e pagou-lhes três taças de vinho tinto e uma de branco. Uma taça a cada um.

Ao chegar a casa, anotou num velho canhenho, a despesa com o seguinte registo:

Hoje, quarta-feira, fiz uma boa ação. Ofereci ao João, ao António, ao Manuel e ao Fernando, um copo de vinho. Aos três primeiros, um tinto e ao último um branco.

Espero ter feito um investimento e receber, pelo menos, seis copos de um vinho superior ao que lhes paguei.

Alcunharam-no de “Mãos Rotas” e ele acha que a alcunha lhe assenta que nem uma luva.

A provar o acerto, sempre que a ocasião se proporcionava, consultava o canhenho com registo da boa ação por si praticada, naquela quarta-feira, nos idos de oitenta.

O receio de quem o conhece bem, e pelo andar da carruagem, é de que o José Silva acabe por ser convidado para ministro das finanças.

Arre!

Jorge C. Chora

3/01/2021

 

Sem comentários:

Enviar um comentário