A chuva caia grossa e carnuda. Olga, a minha amiga, estava aflita e nervosa. Quanto maior o barulho no telhado, com mais medo ficava. Dava pequenas corridas e olhava-me, de olhos esbugalhados, tremendo, numa mescla de medo e susto.
As batidas no telhado, eram cada vez mais fortes. Mais do
que carnuda, a chuva tornou-se pedregosa.
Olga olha-me com um olhar de súplica. Percebo que ela quer abrigo e conforto perto de mim. Abro o casaco, levanto-o de lado, de modo a fazer uma casinha.
Mal Olga tinha iniciado a caminhada para se abrigar, abre-se
a porta e entra encharcado e espavorido o meu amigo Barnabé. De repente, lança-se
numa correria, brandindo o chapéu e aos gritos de “cuidado com o bicho”,
esmaga-me a Olga.
-Ó Barnabé, esmagaste a minha amiga Olga!
-Tua amiga? Essa osga horrorosa?
-Sim, sempre que me mudo levo-a comigo! Era ela que me livrava
dos mosquitos…
-Epá…arranjas outra…
-E a lealdade Barnabé?
Desde esse dia, Barnabé foi considerado persona non grata. Só
espero que os mosquitos deste país, não lhe deem um minuto de descanso e nenhuma
osga auxilie o meu ex-amigo.
Jorge C. Chora
13/01/2021
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