quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

OLGA

A chuva caia grossa e carnuda. Olga, a minha amiga, estava aflita e nervosa. Quanto maior o barulho no telhado, com mais medo ficava. Dava pequenas corridas e olhava-me, de olhos esbugalhados, tremendo, numa mescla de medo e susto.

As batidas no telhado, eram cada vez mais fortes. Mais do que carnuda, a chuva tornou-se pedregosa.

Olga olha-me com um olhar de súplica. Percebo que ela quer abrigo e conforto perto de mim. Abro o casaco, levanto-o de lado, de modo a fazer uma casinha.

Mal Olga tinha iniciado a caminhada para se abrigar, abre-se a porta e entra encharcado e espavorido o meu amigo Barnabé. De repente, lança-se numa correria, brandindo o chapéu e aos gritos de “cuidado com o bicho”, esmaga-me a Olga.

-Ó Barnabé, esmagaste a minha amiga Olga!

-Tua amiga? Essa osga horrorosa?

-Sim, sempre que me mudo levo-a comigo! Era ela que me livrava dos mosquitos…

-Epá…arranjas outra…

-E a lealdade Barnabé?

Desde esse dia, Barnabé foi considerado persona non grata. Só espero que os mosquitos deste país, não lhe deem um minuto de descanso e nenhuma osga auxilie o meu ex-amigo.

 

Jorge C. Chora

13/01/2021

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