Na véspera do dia de Santo António, pouco tempo depois de sair do Penedo Furado, em Vila de Rei, em direção a Tomar via Abrantes, o tempo mudou. Uma chuva forte , logo seguida de queda de granizo de alto lá com ele, fizeram-me temer o pior.
A todo o momento receava que o vidro da frente do carro se estilhaçasse. O granizo era cada vez mais intenso, as estradas eram estreitas e as zonas mais baixas corriam o risco de ficarem inundadas e deixarem de dar passagem.
No banco de trás a minha pequena neta cantava e avisava-me amiúde para não abrir o vidro, ao que eu lhe respondia:
-Está descansada… isso nem me passa pela cabeça!
Ensaiei silenciosamente um Pai Nosso, tendo-me enganado duas vezes, pois rezo mais a Avé Maria.
Sinceramente não sei se foi pelo duplo engano ou por não estar nas graças do Senhor, a tempestade ainda se tornou mais severa. Mau, pensei eu, querem lá ver que Ele sabe que a oração era interesseira e ainda por cima mal feita?
Durante uma hora, maldita hora, só consegui acertar com a estrada porque tinha uma viatura à minha frente que não me deixava ficar à nora, pois tratava-se do meu filho.
Sem conseguirmos arranjar um abrigo, tivemos de seguir sempre em frente, sem pararmos, enfrentando a chuva, o granizo, trovões, relâmpagos e a minha impaciência crescente.
À hora a que chegámos, já não conseguimos vaga num restaurante e tivemos de nos contentar com hamburgers e coca-cola.
Vinguei-me bem vingado na coca-cola, pois ao contrário de muitos, à coca-cola digo sempre:
- Venha mais uma…
Duas coisas aprendi: a primeira a ter atenção aos avisos meteorológicos e a segunda, mais subjetiva, evitar enganar-me nas orações, não vá o diabo tecê-las...
Jorge C. Chora
19/06/2021
Ahahaah! Muito bom! Não sabias se tremias se eram os trovões a estremecer-te.
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