quinta-feira, 1 de julho de 2021

A ADOLESCENTE TRINTONA

 

Um dia destes, vi uma mota de grande cilindrada, com duas rodas dianteiras. Com três rodas, só conhecia este tipo de veículos em tamanho pequeno ou melhor dizendo, de pequena cilindrada, pois como se depreende, pouco sei sobre motas.

Parei a apreciá-la e dei comigo a pensar que o seu preço deveria, talvez, ser bem mais dispendioso do que as normais de duas rodas.

Anichada na mota estava uma jovem adolescente, com o capacete ao lado. Resolvi perguntar-lhe se a minha suposição em relação ao preço estaria correta, pois sei que a juventude é perita neste tipo

de transporte e pouco ou nada lhes escapa.

Sorriu e esclareceu-me de um modo sucinto, mostrando-me o seu detalhado conhecimento sobre o assunto.

Despedi-me e desejei-lhe uma espera breve pelo pai, pois à porta das finanças, sem quase ninguém

na repartição, deveria despachar-se depressa e livrar-se do calor que fazia.

Ela sorriu, bem humorada e corrigiu:

- Estou à espera do meu marido…

Olheia-a, indeciso, tentando perceber se a miúda brincava.

Ela percebeu a minha dúvida e resolveu esclarecer-me, dando uma pequena gargalhada:

- Olhe que eu tenho trinta anos…

Voltei a observá-la e achei, sem margem para dúvidas, que a gaiata acordara bem disposta e com vontade de brincar, mas enganei-me redondamente:

- Não tenho culpa de ter trinta anos…

Aí achei que o marido tinha como companhia uma eterna adolescente. Imaginei-o daí a uns anos, já velho, abraçado a uma mulher ainda menina e todos a pensarem:


-Está mesmo gágá! Este não se enxerga! Coitada da miúda...

Jorge C. Chora

1/ 07/2021


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