quinta-feira, 24 de março de 2022

O COLAR DA NAMORADA

Eugénio decidiu pedir namoro a uma amiga. Deu-lhe um colar diferente,

feito à mão, com penduricalhos ao longo do fio.

Amélia aceitou o presente e o pedido de Eugénio, mais como um presente de amigo, do que por paixão.

Estava na hora de apanhar o autocarro e Amélia, correu o mais que pode para o apanhar. Ao sentar-se, viu que não tinha o colar. Caíra na pressa de não perder o transporte.

Dois dias depois, Eugénio perguntou-lhe pelo colar.

- Olha, aconteceu um imprevisto. Na correria para apanhar o autocarro perdi-o! Peço-te imensa desculpa.

Eugénio torceu o nariz. Ele tinha a certeza de que ela o oferecera a alguém.

No dia seguinte Eugénio viu o colar ao pescoço de uma rapariga, no café onde costumava encontrar-se com a Amélia. Ficou furioso e disse a Amélia o que acontecera: sabia que ela o tinha oferecido a uma rapariga lá do café onde iam.

Amélia, nessa mesma tarde, ao vê-la com o colar, contou-lhe o que se passava. A rapariga era um pouco mais nova do que ela.

Ela sorriu-lhe. Tirou o colar e colocou-o ao pescoço de Amélia, informando-a de que o tinha encontrado na paragem de autocarro. Sofia, assim se chamava a rapariga, desejou-lhe sorte e um bom recomeço.

Sofia cheirava a fresas, as flores preferidas de Amélia. As suas pequenas sardas, ao lado de um pequeno nariz, impressionaram Amélia que não se conteve:

-És tão bonita Sofia…

-E tu também és… nunca disse isto a ninguém- respondeu-lhe Sofia, vermelha de vergonha.

Duas semanas depois, Sofia recebia de Amélia, um bonito colar, do mesmo tipo do que tinham devolvido a Eugénio, com um pedido:

-Quero-te fazer um pedido! - declarou Amélia.

- Só aceito se for igual ao meu… - disse-lhe Sofia.

Então, em uníssono, fizeram o pedido:

-Queres namorar comigo?

A experiência durou dois meses e depois, entre beijos e abraços, resolveram acabar a bem. Concluíram que ambas gostavam mais de rapazes, embora gostassem uma da outra.

Ainda hoje, são as melhores amigas, madrinhas dos filhos de ambas e curiosamente, são primas, pois casaram-se com dois primos, que conheceram no mesmo café, e pelos quais continuam encantadas, trinta anos depois e que não acham nada estranho que elas, de vez em quando, se cumprimentem com beijos nos lábios.


 

Jorge C. Chora

24/03/2022

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