sexta-feira, 18 de março de 2022

MORALISTAS

Entre Joana e Ana

nem o diabo conseguia,

dizer qual a mais bonita.

Umas vezes diria ser Joana

para a seguir dizer Ana.

Alugaram uma casa

e viviam juntas.

Amavam-se às segundas,

às quartas e sextas,

e deixavam as terças

e quintas para se amarem

ainda com mais delongas.

Após descobrirem a união,

Ana apareceu morta a uma segunda

e a Joana na terça seguinte.

Ninguém as chorou

ou quis saber quem as matou,

nada se passou,

no bairro respiraram de alívio

e nem os sinos tocaram.

A vida continuou no seu

ritmo habitual:

- Bom dia, sr. António, como vai…

-Muito bem; desculpe-me a pressa, mas…

-Está desculpado, os negócios não esperam…

E o António, olha apressado o relógio,

não vá o barbudo que o espera às terças,

já despido e oleado,

atender outro freguês!

E por sua vez, Elisa agradeceu,

porque ia atrasada,

 ansiosa para o encontro,

com a jovem Margarida,

depilada a seu gosto,

a seu pedido desta vez,

na casa da Madame Alvarez.

 

          Jorge C. Chora 

           18/03/2022

 

 

 

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