Já vestida,
calçada e arranjada para sair, tocou o telefone e deu-lhe uma dor de barriga.
Joana atendeu
o telefonema e ficou em pânico. A sua amiga Marta tinha a sua filha sem
respirar e vinha pedir-lhe algum dinheiro, para a poder transportar para a
clínica privada onde ela era seguida.
Joana saiu
correr, a pé, pois tinha o carro na oficina. Correu quanto pode, com o
telemóvel a tentar chamar um táxi, mas no meio de uma praceta teve de parar. Ou
encontrava uma casa de banho ou acontecia-lhe uma desgraça. Olhou em redor e
não viu nem cafés nem lojas nenhumas que pudessem ajudá-la.
Baixou-se,
tirou as cuecas e foi ali mesmo que foi obrigada a aliviar-se.
Em menos de
nada, surgiram de todos os cantos, mulheres gritando em uníssono:
-Sua porca!
Vai para a tua rua badalhoca…
De uma
porta, apareceu uma mulher com uma faca na mão, correndo na sua direção,
secundada por um homem, sem camisa, soltando imprecauções de fazer corar um
carroceiro.
E foi quando
uma enorme rabanada de vento, perante o espanto dos seus carrascos, a elevou ao
céu suavemente e a transportou, ninguém sabe para onde.
- Oh! O que foi isto!
E enquanto o
seu espanto se aprofundava, do céu caiu uma tempestade de matérias fedorentas,
não provenientes da Joana, embora ela continuasse de rabo ao léu.
O vento
deixou Joana, de modo suave, à porta do hospital, ainda antes da sua amiga
Marta e a filha chegarem.
Curioso é o
facto de que nenhum dos algozes se tivesse livrado do cheiro fedorento,
independentemente dos banhos tomados. Ainda hoje ninguém a eles se chega, sem
tapar o nariz.
Jorge C.
Chora
20/04/2022
Sem comentários:
Enviar um comentário