sexta-feira, 11 de novembro de 2022

A GALINHA COXA


O cheirinho a frango assado proveniente da caixa onde o transportava, chegava-lhe ao cérebro.

De repente, uma força malévola nascida no estômago, levou-o a abrir a caixa, levar uma perna do frango à boca e devorá-la num ápice.

Depois de a comer é que caiu em si. E agora o que vou dizer lá em casa? Todos gostam de perna e como vou justificar este meu ato devorador?

Até casa foi pensando no que dizer, qual a peta que iria pregar, mais ou menos credível para não ouvir a reprimenda mais que certa.

Ao chegar, a mesa já estava posta e a travessa só esperava o frango para se dar início à refeição. A mãe abriu a caixa e foi dispondo os pedaços, artisticamente, em torno do puré. Ao dar por falta de uma das pernas, exclamou:

-Oh! Só há uma perna!

-Também estranhei, mas o senhor do restaurante disse-me que a galinha era coxa!

O irmão mais novo, sabendo da ratice do mano velho, aproveitou a ocasião para, sem ninguém ver, espetar e comer as moelas e fingir-se muito surpreendido:

- Para além de coxa, era deficiente porque não tem moelas!

O comilão da perna, quase deu uma gargalhada, mas conteve-se. Percebeu de imediato a estratégia do mais novo.

Os pais fingiram acreditar nas patranhas e comentaram:

- Bom, vamos comer o que o frango deficiente ainda nos pode oferecer!

 

Jorge C. Chora

11/11/2022

 

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