terça-feira, 1 de novembro de 2022

CARLOS E O BACALHAU

Há muitos anos existiu um restaurante na Amadora, na freguesia da Mina, que hoje ainda existe, mas tem outro nome e já teve inúmeros proprietários.

Na altura, o restaurante pertencia ao sr. José Mangas e o sr. Carlos era o empregado.

Num dia em que não havia muito movimento, à porta apareceu um casal de estrangeiros. Não falavam português e ainda hoje não sabem qual era a sua língua natal.

Mostraram-lhes o menu, mas foi o mesmo que nada.

Não lhes dava jeito nenhum que o casal não jantasse e os perdessem como clientes, nesse dia em que o movimento até estava a ser fraco.

O sr. Carlos foi buscar uma travessa, uma vela e uma panela vazia. Apontou ao casal um prato de bacalhau que estava na montra, enquanto acendia a vela por baixo da travessa. Por outro lado, mostrou-lhes a panela e a decisão do casal foi imediata: apontaram para a travessa de bacalhau com a vela por baixo.

- O sr. Carlos faz-lhes o sinal de ok e informou – bacalhau assado.

E o casal confirmou:

-“Baclau asado”.

Comeram, beberam e adoraram o pitéu.

No final, para mostrarem o seu agrado, gratificaram o empregado com uma gorjeta de trezentos escudos, que era o troco que iam receber.

Trezentos escudos, na época, era a renda de uma bela casa!

Ainda hoje o sr. Francisco suspira por outra igual, mas não tem sorte nenhuma!

Outros tempos!

 Jorge C. Chora

1/11/2022

Sem comentários:

Enviar um comentário