Há dias, ao
atravessar a estação subterrânea da C.P. na Amadora, vi um jovem adulto a atravessá-la,
trajando uma saia.
A saia era de
um tom de camurça e não era minissaia: ia até aos joelhos.
Ninguém
disse um ai. Todos viram e ninguém comentou absolutamente nada. Reparei, no
entanto, numa jovem que vinha em sentido contrário.
Arregalou os
olhos, que já de si eram grandes, ao vê-lo cruzar-se com ela de modo
desembaraçado. Voltou ligeiramente a cabeça, seguindo-o mais uns segundos. Quase
se podia ler o pensamento e julgo tê-lo conseguido fazer.
“Eu de
calças e ele de saias. Em casa já nem saias tenho! Será que por baixo usa
alguma coisa? Talvez umas de fio dental, como eu e as minhas amigas!
E se não usa
nada? Não seria má ideia segui-lo, vê-lo sentado, de perna cruzada nalguma
esplanada e confirmar se sim se não! Mas, se ele é peludo, mesmo que nada use,
só conseguirei observar os seus pelos púbicos e julgarei tratar-se de umas
trousses pretas…”
Após um
minuto de indecisão, em que esteve parada, mas, sem se voltar para trás, acabou
por seguir o seu caminho, embora não serena, com a oportunidade perdida de poder
ganhar o dia.
Jorge C.
Chora
24/1/2023
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