domingo, 1 de janeiro de 2023

O SACO


Poupou dinheiro durante meses e quando viu o blusão que queria, apressou-se a comprá-lo. Como era cedo para regressar a casa, deu uma volta pelo centro e sentou-se num banco corrido, ao lado doutros clientes. Pousou o saco com a compra ao seu lado e ficou a contemplar o movimento.

Na hora de se ir embora pegou na sua compra, mas achou a embalagem mais leve. O saco era igual. Abriu-o e qual não foi a sua surpresa ao verificar que em vez do blusão, havia panos de cozinha velhos e rotos.

Tinham-lhe trocado o saco por outro o igual, mas com conteúdo diferente.

 Percorreu o centro comercial de lés a lés para ver se encontrava quem levasse um saco idêntico. Nada. A tremoia tinha sido bem feita.

Furioso decidiu replicar o golpe. Trouxe de casa outro saco, repleto de cuecas velhas e meias rotas e pousou-o a seu lado.

Não demorou muito até que uma bela senhora, bem vestida e melhor perfumada, se sentasse a seu lado e colocasse ao lado o saco com as compras que fizera.

Levantou-se e de modo calmo levou-lhe o saco, deixando o seu. Na primeira oportunidade espreitou o conteúdo: eram objetos de natureza muito íntima!

Desiludido resolveu devolver o saco à senhora, pedindo desculpa pela troca. Ela continuava no mesmo sítio e nem dera pelo desaparecimento das suas compras.

- A senhora desculpe-me, mas levei-lhe as suas compras em vez das minhas…

A senhora olhou-o com atenção e um pouco corada disse-lhe:

-Não são minhas…

- Olhe que são… - e ato contínuo, abriu o saco e retirou um dos objetos…

Ao lado, uma jovem na casa dos vinte, que presenciara a cena, apressou-se a intervir:

- Muito obrigado, o saco é meu…

E mal o jovem virou as costas, a rapariga deu a mão à senhora, pousou-lhe o saco no colo, deu-lhe dois beijos e disse-lhe:

- Ele já se foi embora…

Jorge C. Chora

1/1/2023 

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