Poupou
dinheiro durante meses e quando viu o blusão que queria, apressou-se a
comprá-lo. Como era cedo para regressar a casa, deu uma volta pelo centro e
sentou-se num banco corrido, ao lado doutros clientes. Pousou o saco com a
compra ao seu lado e ficou a contemplar o movimento.
Na hora de
se ir embora pegou na sua compra, mas achou a embalagem mais leve. O saco era
igual. Abriu-o e qual não foi a sua surpresa ao verificar que em vez do blusão,
havia panos de cozinha velhos e rotos.
Tinham-lhe
trocado o saco por outro o igual, mas com conteúdo diferente.
Percorreu o centro comercial de lés a lés para
ver se encontrava quem levasse um saco idêntico. Nada. A tremoia tinha sido bem
feita.
Furioso
decidiu replicar o golpe. Trouxe de casa outro saco, repleto de cuecas velhas e
meias rotas e pousou-o a seu lado.
Não demorou
muito até que uma bela senhora, bem vestida e melhor perfumada, se sentasse a
seu lado e colocasse ao lado o saco com as compras que fizera.
Levantou-se
e de modo calmo levou-lhe o saco, deixando o seu. Na primeira oportunidade
espreitou o conteúdo: eram objetos de natureza muito íntima!
Desiludido
resolveu devolver o saco à senhora, pedindo desculpa pela troca. Ela continuava
no mesmo sítio e nem dera pelo desaparecimento das suas compras.
- A senhora
desculpe-me, mas levei-lhe as suas compras em vez das minhas…
A senhora
olhou-o com atenção e um pouco corada disse-lhe:
-Não são
minhas…
- Olhe que
são… - e ato contínuo, abriu o saco e retirou um dos objetos…
Ao lado, uma
jovem na casa dos vinte, que presenciara a cena, apressou-se a intervir:
- Muito
obrigado, o saco é meu…
E mal o
jovem virou as costas, a rapariga deu a mão à senhora, pousou-lhe o saco no
colo, deu-lhe dois beijos e disse-lhe:
- Ele já se
foi embora…
Jorge C.
Chora
1/1/2023
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