Na Lisboa
das tasquinhas,
comiam-se
pataniscas,
caldo verde
em malgas,
bifanas e
iscas ensopadas,
saídas de
frigideiras
empapadas de
gorduras,
bebiam-se
copos de três,
e pastéis de
bacalhau.
No meio da
barulheira,
das encomendas
gritadas,
dos
empurrões ao balcão,
ainda se
ouviam as vozes
roufenhas do
Marceneiro
ou as tiradas
da Hermínia,
emitidas por
velhos rádios,
cobertos por
naperons.
Num canto,
dois ou mais gingões
jogavam à
moedinha,
a ver quem
pagava a rodada,
enquanto
esperavam pelos
ganhos da
noite, feitos
pelas
mulheres que exploravam.
À porta
assavam-se couratos e sardinhas
que enchiam
de fumo a tasca
e alguns, no
meio da fumarada,
tentavam esgueirar-se sem pagar,
acabando por
pagar em dobro,
com um galo
e um olho negro.
Eram assim
as tasquinhas,
porta sim,
porta não,
por essa
Lisboa fora,
feita de
malandros e gente boa.
Jorge C. Chora
20/9 / 2023
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