Jana vivia
triste e amargurada. Um dia confiou ao amigo vento a razão do seu tormento:
- Não tenho namorado…
E o vento,
surpreendido, respondeu-lhe:
- Mas tu
tens tantos amigos e amigas, para que queres um namorado se só tens quinze
anos?
-Não quero
só amigas e amigos, quero, isso sim, um namorado! Tu não percebes nada - e as
lágrimas vieram-lhe aos olhos.
E o vento
condoeu-se de Joana e acabou por espalhar por todo o Mundo o desejo da amiga.
Os candidatos não tardaram a aparecer, de todo
o lado, aos centos, das Américas à Mongólia.
Nenhum
mostrava um real desejo de a conhecer: uns julgavam-na rica, outros famosa e
outros, uma rainha de beleza que lhes dava um estatuto.
Desiludida e
ainda mais triste do que estava, confessou ao vento a sua desilusão.
Este sorriu
e disse-lhe:
-Já
percebeste que um namorado deve ser alguém, que te conheça, goste de ti como és
e tu dele do mesmo modo?
-Sim…
-E não
conheces ninguém assim?
-Sim, mas
não sei se gosta de mim! - e corou por diversas vezes e começou a chorar
convulsivamente.
- E já lhe
perguntaste ou ainda não? Não me digas que não, que armo já um pé de vento! -e
a voz do vento elevou-se de tal modo, que a vizinha de cima, apareceu
espavorida à porta da Joana.
Manuela, dois
anos mais velha do que Joana, ao vê-la em lágrimas, abraçou-a, beijou-lhe os
olhos, pegou-a ao colo, também chorou e pediu-lhe, com uma grande ternura;
- Não chores
minha querida, eu estou aqui, nunca te disse, talvez por timidez, mas digo-te
agora, que gosto de ti de uma maneira especial.
Joana
anichou-se, passou-lhe os braços pelo pescoço e beijou-a com todo o amor que
lhe tinha e nunca o declarara.
E o vento,
embora cabeça-de -vento, soprando-lhe suavemente o cabelo, sussurrou-lhe:
- Minha
querida Joana, às vezes não é preciso procurar longe, quando temos bem perto quem
amamos e nos ama!
Cinquenta
anos depois, Joana e Manuela continuam a viver juntas e passam a vida quase
sempre de mãos dadas, quer em casa quer quando saem.
Jorge C.
Chora
6/1/2024
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