Já lhe chamaram o dr. Sintra, tantos foram aqueles que morreram na linha, quando as passadeiras dos peões cruzavam os carris.
Uns por mera
distração, outros por suicídio, mas houve também quem ficasse sem braços e sem
pernas, enquanto trepavam para cima dos comboios e caíam.
Na Amadora,
às horas de ponta, os passageiros que apanhavam o comboio para Lisboa e
vice-versa, iam pendurados em cachos, no exterior do comboio, agarrados aos
apoios das entradas, segurando malas, sacos e saquinhos, rezando a todos os
santinhos para chegarem sãos e salvos ao seu destino.
As dores de
barriga eram muitas e em caso de aflição, ao chegarem à estação, podiam
socorrer-se das casas de banho existentes à superfície, quando a estação ainda
não era subterrânea ou mesmo depois, quando deixou de ser, pois também havia
casas de banho a funcionar.
Atualmente,
quando há greves e poucos comboios, repetem-se os cachos de passageiros
pendurados às entradas e as dores de barriga, mas só há duas soluções ao
chegarem à Amadora: ou fazem nas calças ou as arreiam e fazem no chão, porque
as casas de banho estão fechadas!
O mais certo
é saírem borrados!
Jorge C.
Chora
24/1/2024
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