A senhora ao chegar ao seu prédio, viu uma cobra adormecida à
entrada. Arrepiou-se e gritou por socorro, enquanto fugia a sete pés. Um grupo
de jovens acorreu aos gritos mas quando viu do que se tratava, escapuliu.
Um idoso que vinha a passar, apoiado numa bengala, aproximou-se
e num golpe forte e certeiro, esmagou a cabeça do réptil.
-Já pode entrar minha senhora. A cobra veio deste matagal à
sua porta. É necessário alertar os serviços municipais para que este canteiro, com
ervas até à cintura, seja limpo.
Mal entrou em casa, mesmo antes de pousar a carteira,
telefonou aos serviços que lhe prometeram actuar.
Alguns dias depois, ao chegar a casa teve de esfregar os
olhos, certificando-se que não estava a sonhar: o canteiro que abrangia dois
prédios, o espaço entre as entradas, estava todo limpo do seu lado mas do outro,
continuava com a erva até à cintura.
Um vizinho que morava no prédio do matagal deu uma
gargalhada e disse:
-Talvez consiga ainda hoje resolver o assunto…
-Era bom que assim fosse…-respondeu-lhe sorrindo a vizinha –
pensando que seria difícil a um homem pobre e sem influência resolver o
problema
.
Pela tardinha, qual não foi o espanto da senhora, ao
verificar que uma brigada limpava com todo o rigor a metade do canteiro que
fora deixada sem intervenção da outra vez. A comandá-los estava um homem com a
metade direita do cabelo cortado e, do lado esquerdo uma farta cabeleira. Ao
seu lado, em amena cavaqueira, o seu vizinho, o tal que prometera solucionar a
questão.
Completada a tarefa, percebeu como se tinha resolvido o
assunto tão depressa, ao ouvir o diálogo entre o chefe e o seu conhecido do
prédio ao lado:
-Então vamos lá completar o corte do seu cabelo…
-Já não é sem tempo… -desabafou o chefe da cabeça
semi-rapada.
Jorge C. Chora
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