quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A MENINA DA TRISTE FIGURA

                                                                                                
 Chamou-me hoje a atenção, na Amadora, uma condutora jovem com um ar triste, numa viatura pequena e velha, parada num sinal luminoso. Quase instintivamente, sorri-lhe.

A mulher olhou-me, fez uma cara feia, largou o volante e apressou-se a trancar o carro, tudo isto numa fracção de segundos. Primeiro achei graça, pois a resposta da jovem mulher a uma mensagem que pretendia ser de simpatia e compreensão, foi absolutamente inesperada. Depois, num relance muito rápido, verifiquei que ela era pequena, não devia nada à beleza, que o ar que eu identificara como tristeza, seria o reflexo de um interior pobre, preconceituoso e triste.

Que culpa tinha ela, se a vida a tornara assim? pensei, enquanto segui o meu caminho para a mercearia, por passeios com altos e baixos.

E foi assim que hoje, dia 1 de Setembro de 2015, perdi alguns segundos, com uma menina feia, triste e convencida de que o mundo girava à sua volta.


Jorge C. Chora

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